Analista político iraniano fala na Federação Israelita, em SP, sobre relações Brasil-Irã

Analista político iraniano fala na Federação Israelita, em SP, sobre relações Brasil-Irã

 “A República Islâmica do Irã é um dos países que atraíram a atenção do Brasil. As vastas reservas de óleo e gás, a população preponderantemente jovem e a economia subdesenvolvida proporcionam a Brasília uma oportunidade de incrementar as exportações brasileiras, assim como expandir sua presença em uma das regiões estrategicamente mais críticas do mundo”.

Assim explicou o analista político iraniano-israelense, Meir Javedanfar, a aproximação entre Brasil e Irã, em encontro realizado nesta terça, 26 de julho, na Federação Israelita do Estado de São Paulo.

Javedanfar é coautor do livro “The Nuclear Sphinx of Tehran: Mahmoud Ahmadinejad and the State of Iran” [A Esfinge Nuclear de Teerã: Mahmoud Ahmadinejad e o Estado do Irã, em tradução livre]. O encontro foi promovido em parceria com o Consulado Geral de Israel em São Paulo.

Segundo Javedanfar, que viveu no Irã até seus 14 anos, Ahmadinejad representa apenas uma minoria do povo iraniano. Seu regime vem perdendo legitimidade, e grande parte de suas declarações polêmicas são lançadas com o objetivo de gerar notícias. Em sua opinião, o povo iraniano não odeia Israel, alguns até sonham com uma embaixada de Israel em Teerã.

O analista político expôs também seu ponto de vista sobre os interesses iranianos na América do Sul, mencionando os atentados terroristas na Argentina, na década de 1990:

“Desde o início dos anos 90, o Irã está tentando expandir suas redes terroristas na América do Sul. Em duas ocasiões, os argentinos foram lembrados dessa estratégia e de suas consequências. A primeira foi a explosão da embaixada de Israel em Buenos Aires, em 1992, na qual morreram 29 pessoas. Em 1994, um atentado matou 85 civis na instituição judaica Amia, também na capital argentina. Até hoje, o governo iraniano se recusou a entregar os oficiais que a Interpol acusou de terem organizado esses ataques. Além disso, para provar seu descaso pela lei internacional, Ahmadinejad recentemente designou um dos suspeitos, Ahmad Vahidi, como Ministro da Defesa. Essa foi uma mensagem clara à comunidade internacional de que o presidente iraniano apoia e promove aqueles que tomam parte no terror”.

“A América Latina é extremamente importante para o Irã, que procura países como a Venezuela, para que possam fazer alianças estratégicas contra os Estados Unidos e defender o Irã na ONU. A Argentina pode se tornar o novo alvo”, complementou o analista.

Leia textos de Javedanfar, no jornal britânico Guardian.