Chanceler José Serra representará o Brasil no funeral de Shimon Peres

Chanceler José Serra representará o Brasil no funeral de Shimon Peres

 O chanceler José Serra representará o Brasil no funeral de Shimon Peres, que ocorrerá nesta sexta-feira, 30, em Jerusalém.

 
Em 2009, na condição de presidente de Israel, Peres visitou o Brasil e foi recebido pelo então governador de São Paulo, José Serra.
 
Em seu pronunciamento na ocasião, Serra referiu-se a Peres como o “estadista que personifica toda a história política de seu próprio país e que teve uma presença ativa em alguns dos principais momentos do século 20 e deste século. Estamos na presença de um estadista que dedicou toda a sua vida a construir, defender e desenvolver o seu país, empenhando-se, ao mesmo tempo, em romper as barreiras que as diferenças étnicas e religiosas, e as sucessivas guerras, não cessaram de reerguer”.
 
Ele expressou “sentimentos e convicções pessoais” suscitados pela visita de Peres. Leia abaixo alguns deles:
 
“1 – Tenho enorme admiração por Israel. A terra que abriga relíquias sagradas de três religiões mantém vivo o que eu ousaria chamar de um milagre dos homens: o regime democrático.
 
2 – Quem nega o Holocausto dos judeus agride de modo indelével a memória de um povo. E agride toda a humanidade.
 
3 – O Estado de Israel foi criado para que, dos escombros do horror, florescesse, como floresceu, a esperança de paz e segurança para o povo judeu. Ao nascer, Israel mostrou logo que não era uma promessa a mais, e sim um fato. Não é uma peça negociável e permutável no concerto das nações.  Cumpriu-se, com justiça, um destino. Falta agora que se cumpra a paz.
 
4 – Paradoxalmente, a história de Israel é, a um só tempo, muito curta e muito longa, confundindo-se com os tempos imemoriais, quando a humanidade começou a plasmar valores éticos que ainda hoje nos guiam. De sua história recente, lembro da penosa decisão de Ben- Gurion, no começo do começo de Israel, de afundar o navio Altalena, carregado de armas, porque radicais do seu próprio povo haviam feito a opção errada pelo confronto, e não pelo entendimento.  Ben-Gurion demonstrou ali que queria, de verdade, a paz. E, empregando o termo “navio” como uma metáfora, observo, senhor presidente: “Aqueles que querem a paz têm de ter a coragem de afundar o próprio navio do terror”.
 
5.  Entendo que o terrorismo significa a negação da política, e aqueles que o praticam ou promovem não são nossos interlocutores: têm de ser duramente combatidos.
 
6 – Acreditamos na coexistência pacífica dos povos; acreditamos que Israel e seus vizinhos árabes podem trilhar o caminho da paz; apoiamos, como apoia a maioria dos israelenses, a criação de um Estado palestino desde que garantida a segurança de Israel. E, por isso mesmo, entendemos que só acontecerá o melhor se o terreno dos confrontos e das diferenças for a política. Para que possamos reconhecer o ‘outro’, é preciso que este ‘outro’ também nos reconheça”.