Em 28 de outubro de 1965, o papa Paulo 6º promulgou a “Declaração sobre a relação da Igreja com as religiões não-cristãs”, no Concílio Vaticano II. A declaração é mais conhecida pelas palavras em latim de sua abertura: “Nostra Aetate” [Nosso Tempo].

O papa João 23 inaugurou em 1962 o Concílio, iniciando um processo que levaria a uma verdadeira revolução nas relações entre a Igreja e a comunidade judaica internacional. Em 1965, o Concílio terminou, e a declaração Nostra Aetate foi publicada. Nela, no quarto parágrafo, se lê: “Sendo assim tão grande o patrimônio espiritual comum aos cristãos e aos judeus, este sagrado Concílio quer fomentar e recomendar entre eles o mútuo conhecimento e estima, os quais se alcançarão, sobretudo por meio dos estudos bíblicos e teológicos e com os diálogos fraternos.”

Para comemorar os 50 anos deste marco histórico na relação entre judeus e católicos, o International Council of Christians and Jews (ICCJ) promoverá de 28 de junho a 1º de julho em Roma a conferência “O 50º aniversário de Nostra Aetate: Passado, Presente e Futuro do relacionamento cristão-judaico”. Judeus e católicos conversarão e estudarão juntos e homenagearão os pioneiros deste diálogo. Também terão uma audiência com o papa Francisco. Veja o programa completo.

Michel Schlesinger, rabino da Congregação Israelita Paulista e representante da Conib para o diálogo inter-religioso, participará do evento, juntamente com o rabino Uri Lam, da Sociedade Israelita da Bahia; Carlos Barbouth, ex-presidente do Conselho de Fraternidade Cristão-Judaica, e a Irmã Cristiane, deste Conselho.

“Um encontro de católicos e judeus dentro do Vaticano 50 anos depois da publicação da Nostra Aetate é motivo de muita emoção. Este documento revolucionou a relação entre essas duas tradições religiosas e transformou dois milênios de desconfiança e perseguição em cinquenta anos de respeito e aprendizado mútuo”, afirmou Schlesinger.

Ouça o comentário do rabino Uri Lam sobre a Nostra Aetate, feito na rádio Metrópole de Salvador.

Leia o texto “Nostra Aetate e o diálogo inter-religioso desde uma perspectiva judaica”, de Carlos Barbouth, publicado na Revista de Cultura Teológica, em 1996.

Fundado em 1947 como reação ao Holocausto, o ICCJ abriga 38 organizações pelo diálogo católico-judaico localizadas em 32 países, entre as quais o Conselho de Fraternidade Cristão-Judaica, no Brasil. Mais recentemente, muçulmanos têm também participado dos eventos da entidade.