
Precisamos ouvir a Diáspora, diz Rivlin, em crítica sutil a Netanyahu
O presidente de Israel, Reuven Rivlin, fez uma crítica incomum ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por uma série de movimentos contestados pelos judeus da Diáspora, dizendo que Israel deve trabalhar para curar a ferida causada aos judeus que vivem fora do país
Rivlin disse a um grupo de líderes judeus americanos, em conferência telefônica realizada em 27 de setembro, que as relações entre Israel e o judaísmo da Diáspora tiveram vários pontos baixos no ano passado, dando a entender que tratava das decisões para congelar um espaço pluralista de oração no Muro dos Ocidentais, restringir as conversões ao judaísmo, e apoiar o presidente dos EUA, Donald Trump, contra acusações de antissemitismo, entre outras questões.
"Muitos destas situações foram decepções profundas, quando as expectativas não foram atendidas. Algumas pessoas falam de separação, de um fosso crescente, de uma crise que não pode ser parada. Esse não é o nosso caminho", disse Rivlin aos líderes da Conferência dos Presidentes das principais organizações judaicas americanas.
Lideranças judaicas nos EUA e em outros países alertaram sobre a fenda crescente entre israelenses e judeus da diáspora sobre as decisões do governo, muitas das quais parecem desconsiderar os fluxos não ortodoxos do judaísmo, que são uma pequena parte da comunidade no Estado judeu, mas representam a maior parte dos judeus no exterior.
Em junho, o gabinete do primeiro ministro decidiu congelar planos para expandir a praça do Muro das Lamentações para incluir um espaço de oração pluralista e, por outro lado, avançar um plano para fortalecer o controle ultraortodoxo sobre quais conversões ortodoxas feitas no exterior serão aceitas em Israel.
Ambos os movimentos atraíram a ira generalizada dos judeus da Diáspora com algumas pessoas alertando que o apoio a Israel na Diáspora poderia diminuir.
Alguns judeus também expressaram consternação pela disposição do governo Netanyahu de tolerar grupos xenófobos ou antissemitas, quando há outros interesses em jogo. Netanyahu tem sido um defensor vocal de Trump, mesmo que o presidente dos EUA tenha sido acusado de ser tolerante aos neonazistas e a outros grupos nacionalistas brancos, e manteve-se silencioso nas primeiras horas após a ascensão do partido AfD de extrema direita para o Parlamento alemão, nesta semana.
Rivlin disse que Israel precisa ouvir judeus da diáspora em vez de ignorá-los.
"Nunca deixaremos vocês partirem. Nunca nos afastaremos da nossa família fora de Israel. É hora de ouvir e aprender. É hora de aprender a entender melhor. É hora de enfrentar não só o que nos une, mas também o que nos torna diferentes".
Antes de sua ascensão à Presidência em 2014, Rivlin havia sido atacado por suas críticas aos movimentos judaicos não ortodoxos. Ele se opôs à concessão de status igualitário aos movimentos reformistas e conservadores e desencadeou indignação, no passado, por chamar o "judaísmo reformista" de idólatra e se recusar a chamar os rabinos reformistas de "rabinos".
Desde que se tornou o chefe de Estado de Israel, sua abordagem parece ter suavizado, e ele passou a buscar uma política de inclusão em vez de isolamento.
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