TROCA DE EXPERIÊNCIAS ENTRE PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO JUDAICA
Educadores de pequenas comunidades, movimentos juvenis e sinagogas apontaram problemas comuns em suas atividades.
Lea Tbol, schlichá [emissária] da Agência Judaica em Recife e Natal, está preocupada com a falta de continuidade do trabalho nas pequenas comunidades: “Se um professor sai, volta tudo à estaca zero. Como deixar algo bem estruturado?”
Nas grandes comunidades, os problemas levantados são de natureza mais filosófica.
André Wajnberg, sheliach da CIP, afirmou: Precisamos quebrar o paradigma do judaísmo de gaveta, de ir à sinagoga apenas no Iom Kipur; o judaísmo deve ser algo que tange a vida”. Para ele, o sionismo tem culpa nesta “segregação”. Outro desafio é dar protagonismo ao jovem, que “não é o futuro, mas o presente da comunidade”.
Alexander Bitterman, sheliach do Netzah SP, perguntou: “Quantos jovens vão à tnuá [movimento juvenil]? No meu grupo, falta conhecimento do contexto sionista atual, falta crítica”.
Ricardo Frenkiel, da Marcha da Vida, reforçou: “Por que estes jovens não estão aqui agora? É necessário integrar os fóruns comunitários”.
Rachel Reichardt, da Comunidade Shalom, afirmou que a tnuá é quem pode criar a identidade judaica-sionista. “O ambiente não formal pode fazer a virada. Não existe educação complementar: a educação judaica é um todo!”. Para Lyca Stahl, do Museu Judaico de São Paulo, os pais precisam perceber a importância da educação judaica também fora da escola.
A rabina Deby Grinberg, coordenadora do Ensino da CIP, afirmou que falta material moderno em português [problema que a nova plataforma pretende solucionar]. Lucia Chermont, do Arquivo Histórico Judaico Brasileiro, acrescentou que falta também consciência da importância da preservação da memória material da comunidade.
Para Carlos Reiss, diretor do Museu do Holocausto de Curitiba, cada escola deve definir um caminho: “Não podemos ter um judaísmo praça de alimentação, que tem um pouco de tudo. O que queremos transmitir? E por quê?”
Wajnberg acrescentou: “Há dois públicos: o que não está na escola judaica e o que está. Este decidirá o futuro. No ensino ortodoxo, há coerência: a escola é igual à casa. Nosso desafio é trazer os pais, pois deve haver o reflexo em casa”.